Junko Mizuno, 33 anos, é uma artista cultuada no Japão não só pelos fãs de mangás, mas também por aqueles que acompanham a arte de vanguarda. Descoberta pelos undergronds da vida, agora vemos seus desenhos usados por estilistas modernos mundo afora. Sua característica principal é misturar o fofo ao mórbido, isso mesmo, meninas más, temas bizarros e muita psicodelia – as modernas adoram

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Mizuno iniciou sua carreira como desenhista de characters, ela inventava e desenhava personagens para merchandising. Seu primeiro trabalho foi um zine xerocado chamado “Mina animal DX”. Daí por diante ilustrou folhetos, cartazes e páginas de revistas famosas. Ela sonhava em se tornar uma “mangaká” (desenhista de manga) de sucesso, como tantos japoneses que desenham, e entrou de cabeça em trabalhos de sua própria autoria em ilustrações e quadrinhos. Com o passar do tempo, se tornou uma profissional respeitada do ramo, autora de dezenas de livros de mangá e ilustração, design de produtos e até sua própria coleção de bonecos.

Seu estilo é denominado pelos japoneses por “kawaii noir”, a primeira expressão quer dizer algo como fofo em japonês, (noir – gênero do cinema que trata do submundo do crime com muito charme e romantismo). Junko passou a desenhar histórias de meninas em temas mórbidos, e muitas vezes surreal, em um nível nem sempre tão sutil com seus traços harmônicos, bem feitos e de cores fortes, e muitas vezes psicodélicos. Suas histórias conquistaram fãs pelo mundo todo, a arrancando de vez do underground e a transformando em uma espécie de ícone da Pop-Art japonesa.

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A sua primeira obra nesse estilo “fofo noir” foi produzida para encartes de CD, de uma coletânea japonesa de música eletrônica, chamada “Pure Trance” em 1998, que originalmente foi encarte de álbuns de techno-pop do selo Avex Trax, o mangá distribuído dentro de cada CD, contava uma história passada em um futuro pós-apocalíptico, onde os seres humanos sobreviventes passam a viver numa cidade subterrânea onde todos passam a sofrer problemas pelo uso de pílulas de sobrevivência (opa!!!) inclusive a protagonista, uma enfermeira meiguinha. Entre outros títulos da autora estão “Hell Babies” e “Junko Mizuno’s Illustration Book”. No mundo da moda, suas “meninas” estampam camisetas e bonés descolados.

Suas “fofas sádicas” são personagens de olhos vidrados, cabeças grandes, com peitos enormes e cabelos volumosos, combinando com sua moda ora hippie ora sexy, com essa onda retrô de psicodelia “moderninha” e com com um pé no infantil. Algumas de suas personagens: A Homeless Girl é Miyo que vai procurar sobras de comida em um restaurante, e odeia que uma senhora tente forçá-la a se associar a um culto. Hospital Love: Yuri visita seu marido Taro no hospital, para fazer sexo todos os dias, e as enfermeiras estranham. Ainda tem a Tattoo sisters, Goddess Aiko, Miss Alice Cooper, entre outras, cheias de histórias e life style.

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Em agosto desse ano foi lançado no Brasil o seu mais recente livro, Cinderalla, uma adaptação do conto infantil Cinderela, ou Gata Borralheira, com o toque peculiar de Mizuno. Em sua versão bizarra, Cinderalla é garçonete em um restaurante, então, seu pai cozinheiro morre, mas volta como um zumbi voador, trazendo sua nova família defunta do cemitério, a madrasta e suas duas filhas megeras, sua fada madrinha a transforma em uma morta viva, para encontrar seu príncipe cantor astro de rock e antes de descobrir seu segredo, Cinderalla foge e esquece o globo ocular (isso mesmo que vc leu, não é um sapatinho de cristal), e na esperança de provar ser sua escolhida, as candidatas fazem de tudo. Um pouco de sexo, drogas e perversidades em torno de zumbis alcoólatras “bonitinhas”. E o final é feliz. Os desenhos que ilustram o livro, tem um ar mais retrô do que a maioria que eu tenho visto na internet, mas apresentam a mesma fórmula estrutural de suas outras personagens.

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Suas próximas adaptações : A Pequena Sereia e João e Maria

A Amazon.com definiu o livro como: “Cinderela morre e volta em uma viagem alucinada(…)”

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“Por algum motivo, acharam que eu não conseguiria escrever uma história, por isso acharam melhor que eu fizesse algo baseado em material mais antigo, como conto de Fadas.”

Cinderalla (Conrad editora)cinderalla2.jpg

http://www.mizuno-junko.com
o site é demais

Curiosidades que andei lendo por aí:

Junko Mizuno é adorada por grande parte das garotas que fazem parte do site de relacionamento Suicide Girls (www.suicidegirls.com) ela é assídua freqüentadora das noites de Tóquio e por volta de 1988 já dava seus primeiros traços (15 anos).

Ah… “Comiket” é o maior evento de fanzines (e também o maior evento relacionado à mangá) do Japão e do mundo

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Seu desenho já ultrapassou essa linha do conceito puro do mangá, ele foi transformado pela arte, acho super interessante ver essas desconstruções de personagens, agregando influencias. E indo para uma esfera mais pop, do “fofo” podemos voltar la na clássica Hello Kit – tem quem fale que ela representa uma geração de mulheres submissas, bom sempre achei que ela é só uma gatinha! – a Puca, e as mais recentes, Meninas Super Poderosas. O que tem mais a ver: A onda meio retrô das Pin ups, Pop art, um pouco do surrealismo de Tim Burton – A Noiva Cadáver – e outros filmes. Ah, os Mangás Hentai, claaaro! Essa mistura com bastante pimenta é que provoca essa atração sobre o universo feminino alucinado criado por Mizuno!

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Thanks!